Imagens da Exposição Memórias Infâncias e Brinquedos 2012

Em 2011 na exposição sobre “afro – brasilidade” nós aprendemos com o provérbio africano que é “preciso toda uma aldeia para educar uma criança.” Em 2012 buscamos a memória lúdica do ISERJ através de um inventário do patrimônio material e imaterial desta memória, das histórias e “causos” dos sujeitos que a viveram e a vivem hoje e em relação ao futuro, quando pensamos este patrimônio também de maneira prospectiva.Seguindo a trilha do que a aldeia ISERJ tem a nos contar pensamos esta história na tensão do particular e do coletivo, na leitura do mundo como a leitura de si, nesse localizar-se no mundo.

A cultura lúdica se constitui no universo da brincadeira, aberto e em constante renovação em suas atitudes, regras e significações partilhadas por aqueles que brincam e as transmitem de geração em geração. A importância da troca entre geraçõesque buscamos aqui realçar está no reconhecimento de que as experiências vividas, ao serem narradas, se comprometem politicamente com o futuro, pois lembrar o passado no presente instiga pensar a sua diferença em termos de ponto de vista. Pensar a memória lúdica é num certo sentido então lembrar a nossa infância, nos reaproximar da criança que fomos e que nossos pais e avós também foram. E mais, dialogar com a criança que está aí hoje, a brincar e a reinventar brincadeiras e neste diálogo, encontrar-se também com o tempo presente, com este aqui e agora onde a brincadeira acontece.

A narração da experiência guardaria algo da intensidade do que foi vivido? A experiência se dissolve ou se conserva no relato?  O ato de narrar criaria um tempo novo, outro, atual? “Articular historicamente o passado não significa conhece-lo “tal como ele propriamente foi”. Significa apoderar-se de uma lembrança tal como ela cintila num instante de perigo”, diz Walter Benjamin (1985, p. 224). Com a ideia de que nada está perdido para a história Benjamim realça a importância da narração dos grandes,mas também dos pequenos acontecimentos. Segundo ele a transformação do passado no presente pode ser encontrada nessa narração das pequenas historias, dos vencidos, dos excluídos da historia oficial. O momento de perigo seria este da transformação que arranca a tradição do conformismo no qual a história cria seus bens culturais.


O “tempo de agora”, como diz Benjamin (1994), intenso e breve, identifica no passado germes de outra história capaz de dar nova face ao presente. Se a história pode ser aberta a novas proposiçõese ao fazer junto, que outras infâncias podemos encontrar no agora destes encontros, que outras relações geracionais podem ser descobertas, resignificadas? A artesania da experiência coletiva é ainda possível em que condições?


Imagens da Exposição

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